sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A sombra do vento




Meus melhores textos foram escritos entre a sétima e o segundo ano. Eu só escrevo agora por causa das minhas professoras de português do colégio, que diziam que eu tinha talento ¬¬
Talvez porque eu não tentava fazer um bom texto, só sentava e escrevia... Talvez eu deva tentar escrever aleatoriamente de novo, e torcer para não sair essas merdas de ultimamente.
Sou uma escritora fracassada, não tenho vergonha de admitir. Muitas e muitas vezes tentei escrever um livro digno de Luis Fernando Verissimo, ou Machado de Assis, ou Christopher Paolini, ou, Deus me perdoe, J.R.R. Tolkien. (todos estilos parecidíssimos, como vocês podem ver), embora o resultado sempre tenha sido vergonhoso.
Em minha defesa, quem não ficaria com vontade de escrever uma obra-prima depois de ler “A Sombra do Vento”? Por causa dele eu decidi sempre ter um personagem chamado Julián e outro chamado Bea. O três vezes maldito autor sempre me deixa com água na boca depois de ler qualquer um de seus livros, mas foi esse que mais me encantou. A história parece ser escrita com tanta facilidade que parece que o próprio livro tem vida. Aliás, uma das melhores características dele é que fica falando o tempo todo de livros, ou seja, de si mesmo, sem perder o charme (charme?) e o mistério.
Quem disse que um livro não pode ser romântico, mesmo cheio de putaria? É crianças, não é um livro nada inocente, se você teve a idéia de dá-lo de presente para sua sobrinha meiga e crepusculete, esqueça. Além dela não entender nada, vai achar que o romance é frio e "fora da realidade" (ao contrário dos vampiros purpurinados), só porque não tem essa idiotice de amor-à-primeira-vista, e príncipe-encantado-perfeito. Tem o seu felizes-para-sempre como deveria, claro, mas não do jeito que um leitorzinho desejaria.
De fato, é um livro bem equilibrado. Tem boas doses do característico humor espanhol, que me alegraram as noites. Tem tantas máximas e novos ditados que deve ser insuportável viver com o autor, ou ele deve ser o guru mais procurado da Europa. E sim, tem uma forte dose de suspense, tanto que tive pesadelos envolvendo um louco com a camisa do Flamengo, e tive que ser confortada pelo meu namorado imaginário, o Jack.
Vocês tem que concordar comigo que só um verdadeiro mestre consegue nos dar medo com um punhado de letras combinadas quase aleatoriamente . Stephen King que o diga.
E tenho a impressão que não deveria estar postando minha agitadíssima vida íntima na internet pra todo mundo ver.

...


#mudardeassuntoagora


Um livro não consegue ser cativante só por causa do seu estilo. Sempre digo – na verdade, digo pela primeira vez agora - que um romance tem dois jeitos de segurar seus leitores. O primeiro é o jeito como ele é contado, como o autor conta a história, não o enredo em si.
Mais ou menos como a maioria dos filmes de ação. 90% do orçamento vai para efeitos especiais, 7% para contratar femmes fatales e dois cafés com bolinhos como pagamentos para os roteiristas.
Outro jeito é a própria história. Se for original e bem bolada, com traições e parentescos desconhecidos na hora certa, segura aquele leitor que interessa: o que possui um cérebro funcional.
Como aqueles filmes maravilhosos que curiosamente não fazem muito sucesso entre o povo, como Xeque-mate, Clube da luta e A Origem (ainda não engoli que perdeu o Oscar ¬¬).
Mas, e a Sombra do Vento?, você me perguntará. Meu pequeno gafanhoto, o jeito ele já tem. Na primeira página já se nota isso. E seu enredo também é... como vou dizer?...
Perfeito.
A história é contada em primeira pessoa, na voz de Daniel Sempere, um jovem de 16, 17 anos. Daniel tem muitas recordações de sua infância, em especial o dia em que é levado pelo pai onde tudo começou: o Cemitério dos Livros Esquecidos.
Se houver um paraíso, deve ser entre aquelas estantes.
Daniel encontra um livro, chamado, adivinhem? “A Sombra do Vento”, de um desconhecido Julián Carax.
Por alguns motivos, o rapaz tem que descobrir quem foi esse autor, e por que há um mistério tão grande ao seu redor. Junto com o protagonista, viajamos por Barcelona, e conhecemos um pouco de sua história, tanto real quanto ficcional. Mas cuidado: Zafón deixa pouca coisa concreta na história. A maior parte do livro é feita de conjecturas e mentiras, até mesmo quando Daniel descobre a história de Julián paira uma dúvida no ar. Também é preciso cuidado para não se perder na linha do tempo. Num parágrafo, Julián Carax é um homem, no próximo nem nasceu ainda. Talvez seja por isso que o livro causa tanta estranheza no começo. Mas continue, ele vai se tornar um de seus melhores amigos no fim.


Título: A sombra do vento (La Sombra del Viento)
Autor: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Objetiva
Ano: 2001
Motivos para dar de presente: o presenteado já leu algum livro na vida? Se sim, e não for na linha "Crepúsculo", "Fallen", "Sussurro", "Morada da Noite" ou algo assim, dê. Mas decore primeiro.

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