sexta-feira, 25 de maio de 2012

Feliz Dia da Toalha! Feliz Dia do Orgulho Nerd! - O Guia do Mochileiro das Galáxias


Só demorei pra postar porque minha vida tem tido um pouco de agitação ultimamente. Imaginem vocês que um dia eu estava na rua, encontrei uma moeda e... Enfim, fora ter que doar meu rim à máfia holandesa, está tudo bem agora.
Se vocês virem por aí um cartaz de “PROCURADA”, não sou eu, ok?

Muitas pessoas têm me cobrado para falar de várias séries. Harry Potter, Desventuras em série, A Herança (mais conhecida por ‘Eragon’), O Senhor dos Aneis, Morada da Noite (ok, esse ninguém me cobra)... Mas decidi por um bem mais hardcore. Para comemorar o Dia da Toalha. Agora vocês entenderão porque tinha gente por aí com uma toalha na mão. Não, não era uma festa do banho coletivo do qual você não foi convidado.

Na verdade, eu demorei pra falar sobre essa série, porque é preciso estar extremamente inspirada para isso. E, como a maioria das pessoas, eu sempre tive minhas melhores ideias enquanto tomava banho, então decidi levar meu PC para o banheiro, a fim de registrá-las.
Como qualquer pessoa normal faria.
 Postei sobre isso no facebook, pessoas comentaram, e não sei como, a conversa evoluiu para uma possível estreia minha na indústria pornô e a possibilidade de ficar linda, rica e famosa fazendo isso.
Não postarei mais sobre isso. Ideias absurdamente atraentes podem surgir...



*pensando sobre o assunto*



*eu teria que me depilar com frequência muito maior*


*e pagar a conta d’água*





*desistindo da ideia*


Então, o texto que se segue foi escrito em inúmeras etapas - cada vez que eu ia buscar referências em algum dos livros eu resolvia ler um pouco mais e inexplicavelmente tinham se passado duas horas - e regado a muita dinamite pangaláctica.


O livro mais vendido em toda a galáxia, exceto no setor ZZ9 Plural Z Alfa.



O Guia do Mochileiro das Galáxias é uma série de ficção científica de Douglas Adams, baseada em um programa de rádio do mesmo autor de 1978, que virou uma série de seis episódios da BBC e um filme em 2005. É uma trilogia de quatro livros, que por acaso são cinco, que conta as aventuras de Arthur Dent, Ford Prefect, Zaphod Beeblebrox, Trillian, e o melhor de todos, Marvin, o robô maníaco depressivo.

Quando eu comprei a série, confesso que não sabia nada sobre ela. Geralmente os livros que eu compro na loca me rendem ótimas surpresas – como o excelente livro de aventura Choque Mortal – enquanto outros muito bem recomendados provavelmente viram uma decepção – vida A menina que não sabia ler.

Mas minha única referência para o Guia era “Superdesconto Submarino! Toda a coleção Guia do Mochileiro das Galáxias por apenas R$29,90!”. E foi uma das melhores surpresas da minha vida. Provavelmente empatado com o dia em que eu perdi a... Ahnn, foi a melhor surpresa da minha vida, com certeza.

Os livros pingam ironia, tiram sarros de si mesmos, aplicam conhecimentos gerais, física, biologia, astronomia, matemática, filosofia, teologia, cultura geral e geek praticamente o tempo todo. E, mais importante, trolla o leitor constantemente.
Exemplo:

 – Sabe – disse Arthur – é em ocasiões como essa, em que estou preso em uma câmara de descompressão de uma espaçonave vogon, com um sujeito de Betelgeuse, prestes a morrer asfixiado no espaço, que realmente lamento não ter ouvido o que minha mãe me dizia quando eu era garoto.
- Por quê? O que ela dizia?
- Não sei. Eu nunca escutei.
 E você aí, achando que o que viria a seguir seria um ótimo conselho maternal né? BAZZINGA!

Não sei vocês, mas sempre separei, instintivamente, as pessoas ao meu redor se gostavam ou não de Simpsons. Se não, automaticamente as tratava de um jeito diferente. De cabeça, agora, me lembro de umas quatro pessoas, e já peço desculpas antecipadamente: a culpa não é minha se meu subconsciente prefere pessoas que apreciam a boa e fina sátira! Minha consciência apenas segue ordens!
Depois de separar as pessoas nessas categorias, eu ia para casa, assistia a algumas temporadas em Springfield. Depois lia uns capítulos do Guia. Depois via mais algumas em Springfield.

E daí me perguntava: COMO é possível alguém não gostar disso!?

Sério, não entendo. Se o estilo dele fosse difícil de ser compreendido – como João Guimarães Rosa – ou fosse extremamente descritivo – como Tolkien – com muito esforço, eu entenderia.
E só leio Senhor dos Aneis porque acho que o enredo supera qualquer necessidade de se saber contar uma história. Poderia ser contada em forma de hai cai, que ainda assim seria uma das melhores histórias já escritas.


Foco, Sarah, foco... Você fala sobre isso outro dia...

Mas sério, eu não entendo.
Ora bolas caraminholas, quantos autores de sci-fi você conhece cujo personagem SECUNDÁRIO – O Pensador Profundo - descobriu a resposta para a pergunta que aflige a humanidade sobre a Vida, o Universo e Tudo Mais?
Quantos autores ateus você conhece que provam a existência e a inexistência de Deus no mesmo parágrafo?
Quantas explicações para o fato do ser humano falar o óbvio constantemente você conhece que são melhores que se não exercitarem seus lábios constantemente, seus cérebros começam a funcionar?

Mas sério, eu não entendo.
E só aceito duas boas explicações para esse desgosto: ou você tem ataques epiléticos inexplicáveis quando lê/ouve a palavra “galáxia”, ou você tem síndrome de Asperger, que um dos sintomas apresentados é a incapacidade de se entender o sentido metafórico de expressões, tais como ironia.

Teste rápido de sarcasmo:
Você gosta desse cara?

O dono do sarcasmo-perfeito-na-tv.

Bem, o sarcasmo do livro é bem mais livre do que o de House. Ninguém, na galáxia inteira fica te falando “oooooooooooh o seu sarcasmo é ácido, por isso você afasta a todos e não quer amar ninguém, bla bla bla”. Ao contrário, você pode até mesmo ser o presidente da Galáxia! Se bem que todo mundo sabe que a função do presidente é desviar a atenção do poder, e que o verdadeiro poder é controlado por alguém que conversa com uma mesa.
 Mas mesmo assim, ninguém diz pro presidente “seu sarcasmo protege seu coraçãozinho, mas eu quero amá-lo!”


Malditas mulheres, sempre estragando os melhores seriados.

Não, no Guia, você lê trechos como esse:

 O robô fez um gesto, levantando a mão.
- Eu venho em paz – anunciou ele, acrescentando após um longo momento de esforço adicional -, levem-me ao seu lagarto.
Ford Prefect, é claro, tinha uma explicação para aquilo tudo, enquanto assistia com Arthur às repetidas reportagens frenéticas na televisão que, por sinal, não tinham nada a dizer, além de anunciar que a coisa tinha causado um prejuízo tal, avaliado em tantos bilhões de libras e que tinha matado aquele outro número completamente diferente de pessoas, e depois repetiam tudo novamente, porque o robô, desde então, estava prostrado, balançando levemente o corpo e emitindo pequenas mensagens de erro incompreensíveis.
- Ele vem de uma democracia muito antiga, sabe...
- Você está querendo dizer que ele vem de um mundo de lagartos?
- Não – respondeu Ford que, àquelas alturas, já estava um pocuo mais racional e coerente do que antes, tendo finalmente sido forçado a tomar uma xícara de café -, nada tão trivial. Nada assim tipo isso tão compreensível. No mundo dele, as pessoas são pessoas. Os líderes é que são lagartos. As pessoas odeiam os lagartos e os lagartos governam as pessoas.
Ué – comentou Arthur -, achei que você tinha dito que era uma democracia.
- Eu disse – afirmou Ford. – E é.
- Então – quis saber Arthur, torcendo para não soar ridiculamente estúpido -, por que as pessoas não se livram dos lagartos?
- Isso sinceramente nunca passou pela cabeça delas – disse Ford. – Como elas têm direito de voto, acabam supondo que o governo que elegeram é mais ou menos parecido com o governo que querem.
-Quer dizer que eles realmente votam nos lagartos?
-Ah sim – disse Ford, dando de ombros -, é claro.
- Mas – perguntou Arthur, sem medo de ser feliz – por quê?
- Porque, se deixam de votar em um lagarto, o lagarto errado pode assumir o poder. Você tem gim?
-O quê?
- Eu perguntei - disse Ford, com um tom crescente de impaciência entranhando-se em sua voz - se você tem gim.
- Vou ver. Conte-me sobre os lagartos.
Ford deu de ombros novamente.
- Algumas pessoas dizem que os lagartos são a melhor coisa que já lhes aconteceu - explicou ele. - Elas estão completamente enganadas, é claro, completa e absolutamente enganadas, mas é preciso que alguém tenha a coragem de dizer isso.
- Mas isso é terrível - disse Arthur.
- Olha, meu camarada - disse Ford -, se eu ganhasse um dólar altairiano cada vez que eu ouvisse um fragmento do Universo olhando para o outro fragmento do Universo e dizendo "Isso é terrível", eu não estaria sentado aqui como um limão procurando por um gim.

Douglas Adams sambando na cara da sociedade.

E quando você começar sua busca pelo conhecimento do Guia, ouça seu coração e ignore a ignorância (oi?) ao seu redor. Pessoas dirão que o livro é pura ficção e entretenimento. Dirão que nada daquilo é real. Que eu devo largar o Guia e sair ao sol, pelo menos uma vez por semana. Que relógios digitais são uma boa ideia.

Não acredite nessa gente.

Em “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, aprendi algumas verdades sobre o mundo, e também que estou no setor mais sem graça do universo, onde a toalha não tem o seu devido valor reconhecido. E aprendi a temer a Chegada do Grande Lenço Branco. E aprendi qual é o sentido da vida.
Em “O Restaurante no Fim do Universo” eu tive uma aula de filosofia melhor que todas as que eu tive no colégio e na faculdade somadas. Descobri a verdadeira origem da girafa, e também quanto é seis vezes sete.
Em “A Vida, o Universo e Tudo Mais”, aprendi sobre como a sociedade funciona melhor do que qualquer sociólogo por aí poderia explicar. E que um sofá vermelho flutuando numa Terra pré-histórica tem mais importância do que você pensa.
Em “Até mais, e obrigado pelos peixes!” aprendi mais sobre física, química e astronomia que o próprio Mundo de Beakman pôde ensinar. E aprendi a rezar por Bob.
Em “Praticamente Inofensiva”, aprendi que nada é o que parece, e nem tudo tem o final que você deseja.
Em “E tem mais uma coisa...” eu não aprendi nada, pois ainda não li. Não foi escrito por Douglas Adams, e sim por Eoin Colfer
.
Espera, o quê? WTF?

Sim, isso mesmo. Parece que muita gente não ficou feliz com o final do quinto livro – também, pudera né? – e foi feito um concurso para escrever o último livro. A versão desse cara foi considerada a melhor versão pós-mortem literária já feita, e seu livro também é considerado um final alternativo ao quinto livro, o que é estranho, porque o quinto livro já é considerado um final alternativo para a série. Tudo, isso é claro, devidamente autorizado pela família Adams.
Aposto que foi ideia da Mãozinha, aquela sapeca...

...

Piada ruim, ok.


...


Parem de ficar me recriminando, podemos voltar ao texto!?


É sério, eu costumo recomendar essa série a qualquer um que saiba ler. Se você não gostar, por favor, não espalhe. Diga que você é analfabeto, diga que só lê em aramaico e não traduziram ainda, diga que se não puder ler ao contrário sem aparecer uma mensagem do demônio não tem graça, DIGA QUALQUER COISA, mas não diga que não gostou.
Por favor.

O que eu tento dizer nesse texto é que essa série me fez abrir uma nova categoria de livros na minha cabeça. A categoria “Estilo-Guia”. Bem ao lado de “Estilo-Luis-Fernando-Verissimo” (na minha opinião o único que poderia se equiparar a Douglas em humor).
Talvez por isso eu relutasse tanto em assistir ao filme. Afinal, como poderiam traduzir em imagens, por exemplo, toda a indignação que Wonko, o São, sente pela humanidade? Como explicar a vidinha pacata que Arthur tentava levar pela galáxia, sem perder pelo menos quarenta minutos de explicações?
Tinha medo, muito medo...

 Mas após muita insistência, dois litros de vodka e sutis ameaças de exposição pública de certas fotos íntimas, eu finalmente aceitei, esperando qualquer coisa dessa película. Qualquer coisa mesmo. Se a Samara saísse da tela eu não me surpreenderia.
E enquanto todos ao meu redor riam às lágrimas com Zaphod, ou se indagavam sobre a criação do motor da improbabilidade infinita, eu me peguei admirando e babando em silêncio sobre a genialidade sem fim de Adams; como ele conseguiu fazer uma sinopse de cinco livros com assuntos aparentemente sem nexo, e transformá-los em um filme que fizesse sentido; como ele teve a grande sacada da Arma do Ponto de Vista e dos seres Perseguidores de Ideias no solo de Magrathea; como o filme conseguiu caracterizar os vogons à perfeição; como diversos símbolos dos livros foram inseridos, mesmo sem terem conexão com a história do filme (os caranguejos feitos de pedras preciosas e a estátua de Arthur que Agrajag fez sequer são mencionados pelos personagens, mas estão lá); como ele conseguiu até mesmo colocar alguns velhos clichês cinematográficos aparentemente obrigatórios (por favor, acha mesmo que Douglas Adams iria fazer espontaneamente um final tão ruim assim para Arthur e Trillian?), e ainda assim arrancar aplausos da plateia.

Não estou dizendo que o filme é uma alternativa à série. Isso nunca aconteceu, exceto em Game of Thrones. Mas supera as expectativas, e ainda assim com certeza é um filme diferente de todos os outros.

Talvez O Guia do Mochileiro das Galáxias seja que nem os Simpsons. Tem que ter um motivo muito bom para não gostar. Como ser um vogon, sei lá.
Com certeza a conversa mais interessante do mundo seria entre House, Douglas Adams, Luis Fernando Verissimo e Homer Simpson. Principalmente porque a parte de Adams teria que ser mediada por um médium(oi?²), já que ele morreu no dia 11 de maio de 2001. E o mundo chorou com isso. E todos se uniram e elevaram suas varinhas aos céus em direção à Marca Negra de Voldemort para fazer uma homenagem a um dos maiores gênios da humanidade, criando o Dia da Toalha. O dia 25 de maio foi escolhido tanto porque foi a data do lançamento do livro quanto para fazer uma junção com Dia de Star Wars (quando estreou o primeiro filme, em 25 de maio de 1977) e também pelo "Glorioso 25 de Maio" para os fãs da série Discworld; tudo isso juntou-se dando origem à Santíssima Trindade do Dia do Orgulho Nerd. No caso do Guia, dia pessoas desfilam com suas preciosas toalhas - essenciais para um mochileiro das galáxias - por aí. 
(Não SÓ de toalha, por favor, que esse mundo ainda é um mundo de família.)
 Simples, e ao mesmo tempo simboliza a importância que O Guia do Mochileiro das Galáxias tem para nós: nos sujeitamos a ser linchados na rua só para declarar o nosso amor.
Parabéns, Douglas Adams. Feliz Dia da Toalha pra você, e Feliz Dia do Orgulho Nerd a todos nós.


Título: - O Guia do Mochileiro das Galáxias(The Hitchhiker's Guide to the Galaxy)
- O Restaurante no Fim do Universo (The Restaurant at the End of the Universe)
- A Vida, o Universo e Tudo Mais (Life, the Universe and Everything)
- Até mais, e obrigado pelos peixes! (So Long, and Thanks for All the Fish)
- Praticamente Inofensiva (Mostly Harmless)
- E tem outra coisa...(And Another Thing)
Autor: Douglas Adams (o livro 6 foi por Eoin Colfer)
Tradutores: Marcia Heloisa Amarante Gonçalves, Carlos Irineu da Costa e Paulo Fenando Henriques Britto
Editora: A primeira edição dos 4 primeiros livros foi lançada pela Editora Arqueiro. A reedição e os livros 5 e 6 foram pela Editora Sextante.
Ano: 1º: 1979 - 2004
2º: 1980 - 2004
3º: 1982 - 2005
4º: 1984 - 2005
5º: 1992 - 2006
6º: 2009 - 2011
Motivos para dar de presente: eu tenho 42 ótimos motivos para dar, mas não me pergunte por quê.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Os estranhos

Saudações, povo da Terra. Eu vim em paz.

E também vim falar de um livro não-tão famoso de um escritor muito famoso. Na verdade, não sei se o livro é famoso, porque nunca ouvi falar dele, o que não quer dizer nada, então o livro pode ser famoso sim. Como pode não ser também, afinal, muito escritor famoso escreve livros que não ficam famosos... Mas esse em especial tem que ser famoso, porque o escritor é um dos mais famosos dos últimos tempos. Não exatamente os últimos, na verdade...
Vish, nada do que eu disse acima faz sentido, melhor eu começar de novo.


Esse livro junta todos os estilos que um bom nerd aprecia: terror, suspense e muita ficção científica. Juro que eu não compreendo como Stephen King pode ser tão... sonolento no início de seus livros, e nos causar tanta insônia nos desfechos. Sério.
...

Na verdade, eu compreendo sim. Quem já leu qualquer romance do Rei sabe como seu estilo é extremamente introspectivo; ele é a Clarice Lispector americana, só que com sobrancelhas mais estilosas. Em O Iluminado, por exemplo: na real só acontece alguma coisa quando Jack enlouquece de vez, no fim da história (ooops, spoilers); antes disso, era pura especulação mental, alucinações, lembranças, suspeitas. Nada real.
Nesse livro, os acontecimentos são um pouco mais... físicos. Muitos, ao lerem a sinopse, acharão que é um livro estranho, no mínimo. E estarão absolutamente corretos.
O livro conta basicamente a história de um disco voador enterrado em uma fazenda de uma cidadezinha, que tem a capacidade de “aprimorar” as pessoas ao seu redor. Esse aprimoramento, aparentemente, deixa as pessoas com tendências – tendendo ao infinito - levemente psicopatas, assassinas e assustadoramente eficientes. Eficientes em qualquer coisa.
A parte ruim da história é que, se você procura emoção, não vai encontrá-la antes da ducentésima página. O livro é dividido em quatro partes, mas em três atos: o durante, o bem antes, o durante (o bem antes e esse durante são da mesma parte), e o depois.

Hãn? Cuméquié?

Sim, você leu certo.  Não, eu não enlouqueci, não importa o que os médicos daqui do hospital digam!
Na primeira parte, temos a apresentação da vida horrível e suicida que o poeta e escritor fracassado Jim “Gard” Gardener levava, a descoberta de Roberta “Bobbi” Anderson da nave enterrada, e os primeiros efeitos que esse artefato causa nas pessoas.
Na segunda, King resolveu contar a história da cidade de Haven, seus escândalos, seu nascimento, sua política, suas lendas, seus acontecimentos absolutamente chatos. No começo achei que era pura enrolação, sabe quando o escritor tem toda uma história escrita em cem páginas, mas seu editor fala “precisamos de mais quatrocentas”? Pois é, achei que era assim, mas não. Tente não dormir nessa parte, ok? É importante.
Na terceira, temos outro durante, mas dessa vez é com outras pessoas. Bobbi e Gard praticamente desaparecem agora, e passamos a ver o que acontece com os outros moradores da cidade.
                Brigas de família, crianças se divertindo, velhos relembrando os bons tempos, jovens se apaixonando, uma mulher explodindo o marido porque ele estava pulando a cerca, um bebê sendo teletransportado para outro universo, essas coisas que costumam acontecer em cidade pequena, sacomé né?
E no depois, temos o desfecho. Simples e realista.
É a partir do segundo durante (?) que começamos a sentir o que qualquer leitor stephenkingniano sente a certa altura de qualquer história: o medo de ler à noite e não conseguir dormir depois. Porque o suspense vai aumentando, te matando aos poucos, exatamente como os moradores de Haven fazem, lentamente... E aí passamos a ler somente em lugares cheios de pessoas, ao meio-dia, olhando para trás constantemente para ver se o tarado da machadinha não está vindo.
O quê, vocês não sentem isso?


...

Bom, eu também não. RÁ-RÁ, peguei vocês! Claro que eu nunca faria isso a partir de hoje, imagina, que ridículo...
Podemos voltar ao livro, por favor?
É, o livro é bom. Mas tem um problema. O livro não é bom.
Eu já disse que não estou louca, caramba!
O livro é bom? Sim, porque foi Stephen King que o escreveu. Mas também não é bom, porque, sinceramente, não está à altura de suas outras obras.
Meu conselho de avó para vocês: se vocês perceberem que um autor está fazendo muito sucesso com certa obra, contrariem todas as leis do universo e NÃO A LEIAM! Vejam se ele tem outras obras, leiam-na antes, porque se vocês não fizerem isso, ficarão com a terrível MALDIÇÃO DA OBRA-PRIMA!


Como identificar alguém sofre dessa terrível maldição? Fácil, cite um autor (ou cantor, ou compositor, ou poeta, serve para todas as áreas) da moda e peça à pessoa sua obra favorita do dito-cujo. Se o que ela disser está na lista dos mais vendidos da Veja, ou é tema de algum personagem da novela, desconfie e peça mais informações. Se a pessoas não souber mais nada do autor, largue tudo e procure logo ajuda médica literária.
Não adianta jogar água benta, enfiar uma estaca de prata em seu coração, procurar as sete Esferas do Dragão ou dar-lhe um beijo de amor verdadeiro.
Se bem que as duas últimas podem funcionar... A penúltima melhor que a última, claro.

Na verdade, essa doença é incurável. Se você a pegou, estará irremediavelmente perdido, para sempre. Eu tenho essa doença nas formas de Carlos Ruiz Zafón – A Sombra do Vento -, Marcus Zusak – A Menina que Roubava Livros – Machado de Assis – Dom Casmurro – Stephen King – O Iluminado e Sistem of a Down - Hipnotize. Dessa forma, jamais poderei saborear uma obra deles com tanto gosto quanto da primeira vez, simplesmente porque já provei seu melhor por primeiro. Não façam como eu, crianças.
Comecem com esse livro. Evoluam para Carrie, a estranha, e no fim da vida, peçam aos seus netinhos para que leiam para vocês todas as obras-primas que vocês levaram a vida toda para se preparar. E morram felizes.

Ah! Agora a treta ficou séria: eu fiz um terrível processo de seleção, e após comer três aranhas, viver em uma árvore por duas semanas e matar um velhinho, finalmente fui aceita como autora do site grande e belo Nerdice. Portanto, muitas postagens daqui irão para lá também, assim como provavelmente várias de lá virão para cá (alguém entendeu?), com algumas alterações mas nada muito modificado. Beleza galera?

Título: Os Estranhos (The Tommyknockers)
Autor: Stephen King ( o MESTRE!)
Tradutora(nova!): Luísa Ibañez
Ano:1987
Motivos para dar de presente: como eu já disse, é pra galera iniciante na arte stephenkingniana. Não vamos começar com algo muito complexo, né?


terça-feira, 20 de março de 2012

Como viver eternamente

Pois bem, o falatório de hoje não é culpa minha! Quem escolheu o livro foi uma ninfa, filha do Rei Peneu; alvo da paixão de Apolo; nome da ópera escrita por Jacopo Peri, a primeira da humanidade, que infelizmente não existe mais; mas também é tema de outra ópera de Richard Strauss (Ele compôs essa obra aqui, pouco conhecida); e por último, mas não menos conhecida, é o membro mais desinteressante de um grupo drogado, que vê alucinações e conversa com um cachorro frequentemente.

                       Isso mesmo, Dafne, nossa convidada especial! Palmas!
Minha melhor amiga tem um nome exótico. Morram de inveja.

É, ela que escolheu. Nós temos basicamente o mesmo gosto por livros, embora ela seja saudavelmente menos fanática do que esta devoradora que vos fala. Em verdade, ela prefere fazer outras coisas, como, sei lá, estudar e ser alguém na vida, enquanto eu prefiro curtir a vida adoidado.

Por falar nisso, “Ferris Bueller’s Day off”, o velho conhecido da Sessão da Tarde “Curtindo a vida Adoidado” é dos meus filmes-mais-que-preferidos, e tem uma participaçãozinha mais-que-especial de um carinha aí que foi lindo na juventude e já trabalhou com dois homens e meio. #fikdik
Como vocês devem perceber, eu tenho muitos filmes-mais-que-preferidos. Isso às vezes me faz pensar que gasto muito do meu tempo nessas ficções, ao invés de viver a vida adoidado real, quem sabe arrumando um namorado, estudando, ou matando essas aranhas mutantes que vivem na parte de baixo da minha cama e insistem em tentar comer meu pé à noite.

Ahnn, como foi que chegamos nesse assunto mesmo? Ah, certo, o livro.



Maravilhosamente sensível e sensivelmente maravilhoso. É a história, em primeira pessoa, de Sam, um garoto com leucemia, e suas listas.

Primeiro livro de Sally Nicholls, é claro que o livro transpira inexperiência, mas isso não impede em nada de ser um dos melhores livros que já li. Inclusive, esse livrinho ainda dá porrada em muito escritor com mais estrada por aí ~ COFpauloCOFcoelhoCOF ~ apesar de Sally ter escolhido o que é provavelmente o segundo tema mais comum em dramas: câncer. Sempre que você, escritor, quiser arrancar lágrimas amargas das pessoas, acrescente algumas células com crescimento desordenado em alguns órgãos do corpo do pai de alguém, ou em seu recém-descoberto amor da sua vida, ou em seu filhinho adorado, ou em seu venerado mestre/mentor/padrinho. A morte será muito mais dolorosa, e você conquistará o amor dos leitores.

O primeiro tema mais usado é a guerra, se vocês quiserem saber. E com uma frequência que chega a ser desconfortável, a Segunda Guerra Mundial, seus horrores, seu desespero, blá blá blá.

Bem, mas essa história é um pouco mais do que as simples emoções de um garotinho que sabe que vai morrer em pouco tempo. Alguns anos se passaram desde que li esse livro pela primeira vez, mas minha opinião ainda é a mesma: a história não seria nada, se Felix não estivesse lá.
Felix é o melhor amigo de Sam, e também está morrendo. E como na grande-esmagadora-imensa-gigante-maioria das histórias em que o personagem principal vive uma saga (no caso, a própria vida de Sam é uma grande aventura), os amigos coadjuvantes são essenciais (sem falar que também são muito mais interessantes), e o protagonista não seria nada sem eles.

Sério. Foi assim com Frodo e Sam, com Harry Potter e Rony e Hermione, com os Irmãos Baudelaire, com Elliot e o E.T., com Han Solo e Chewbacca. O principal pode ter ficado com a glória, com a luta final, com o inimigo mais perigoso, mas ele não teria feito nada sem suas amizades.
E a mesmíssima coisa acontece aqui. Sam pode não reconhecer, mas Felix é seu suporte, seu amigo, seu incentivador, seu motivo para não sucumbir. As listas de Sam não valeriam nada sem ele, e sua morte é mais marcante do que a do próprio narrador.

Que agitação é essa aí no fundo?
NÃO comecem a dar chilique porque dei spoiler, é perfeitamente ÓBVIO que eles morreriam, ou francamente, vocês REALMENTE acreditam que esse tipo de história teria um final feliz? Parem de gritar! PAREM!

Bando de frescos...

Onde eu estava mesmo? Ah sim, lembrei. A morte de Felix.
Sabe, sua morte em si não é muito emocionante. Na verdade, a missa do funeral é que ativou meus ductos lacrimais... E fez a nossa convidada Dafne ser alvo de comentários e boatos na escola porque ela leu essa parte bem no meio da sala de aula, e tenho certeza que muita gente ignorou totalmente o fato dela estar com um livro na mão, intitulado “Como viver eternamente”; que esse livro era claramente triste; que ela em seguida se virou e comentou "meu, essa parte é muito triste!"; não, provavelmente devem ter dito por aí que ela estava grávida de um sem-teto, ou qualquer coisa parecida.Sério, essa gente deve ter algum bloqueio, ninguém na minha sala era capaz de enxergar um livro! Exceto pelos meus amigos =) De fato, líamos tanto que uma vez tivemos uma discussão terrível, com direito a vasculhar os livros em busca de referências, sobre qual era o animal que era símbolo da casa da Lufa-Lufa, um texugo, uma gambá ou um urso?
Texugo, claro. Eu ganhei essa.

Como eu cheguei nesse assunto mesmo?²


E por fim, quando fechei a estória, por um momento tive vontade de ter alguma doença terminal, só para conseguir a habilidade que Sam tem: ele faz listas de resoluções, e as cumpre. Todas, até mesmo sua viagem à lua – que, aliás, foi meu segundo momento de pausa para limpar os olhos – ele cumpre. E novamente, não teria conseguido cumprir quase nenhuma se não fosse por Felix.

Contemplem a primeira página do livro, sua primeira lista:



Sim, chorem.

E... é isso. Uma resenha curtinha (ou não) para um livro curtinho, e espero que tenha sido também uma resenha ótima para um livro ótimo.





Título: Como viver eternamente ( Ways to live forever: Every minute counts )
Autora: Sally Nicholls
Editora: Geração Editorial
Ano: 2007
Motivos para dar de presente: qualquer idade, qualquer nível de leitura, qualquer estado emocional merece lê-lo.


PS.: Essa droga de blog me inspira. Então, além de fazê-lo meu depósito diário de livros, eu o farei também meu laboratório; pretendo publicar algumas experiências literárias minhas, talvez contos, crônicas, ou até romances.
Mas provavelmente não na próxima postagem, talvez nem na outra. O importante é que farei.

E pela primeira vez estarei totalmente aberta às suas críticas, então pelo menos uma vez parem de fingir que gostam do que escrevo e me digam a verdade. De verdade!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ESPECIAL - Filmes que poderiam ser lidos



Há muito tempo atrás, quando gnomos fumavam maconha e o metal era a lei, eu disse que faria algo bem legal, tanto para compensar o livro tosco sobre o qual eu escrevi, quanto para fazer valer a pena o looooongo tempo de espera entre uma postagem e outra... Mas não me culpe! Ultimamente, meus sites e blogs preferidos, muitos deles fonte de minha inspiração e procrastinação, têm se atualizado um pouco menos que os ícones do Windows.
O ícone de “salvar” do Word ainda é um disquete!
Enfim, a culpa não é minha, só isso vocês precisam saber!
E voltando ao especial, eu já havia pensado em falar sobre filmes aqui também, mas o título do blog perderia um pouco seu sentido, e não posso modificá-lo, uma vez que milhões de pessoas ao redor do mundo já o conhecem e apreciam, nesse momento indicando-o a todos os seus contatos, me fazendo chegar mais perto de ganhar dinheiro ficando sentada no sofá!
Sonhar é grátis.
Mas então, numa noite estrelada de verão, me veio a brilhante idéia de fazer um especial, falando de filmes excelentes que poderiam ser livros maravilhosos, se fossem escritos direito.
Filmes fofos e meigos, as mina pira.

E sabe no que mais elas piram? Muitos filmes do Adam Sandler. Podem não admitir, mas piram sim. E não estou falando de filmes como Gigolô por acidente, ou Tratamento de Choque, ou, benzadeus, Zohan. Estou falando de filmes que não te fazem ter vontade de vomitar. Não dariam livros grossos, certamente, mas eu arriscaria uma boa coletânea de contos.
“Por quê? Os filmes desse cara são grosseiros, com piadas péssimas, cheio de clichês, e ele nem mesmo é um bom ator!”
Bom, é, ele não é um bom ator. Pelo menos não no nível Johnny Depp. Na verdade está mais pra Kristen Stewart. Sério!

É... Mas ainda sustento que eles poderiam ser livros. Quer ver?
Começando pelo título. Como esses filmes seriam apenas uma coletânea, que tal chamá-los de “Um livro aberto e Click: leia sempre Como se Fosse a Primeira Vez”? Ou “Um Paizão & outras histórias: leia para seu Marido... E para o Larry também”? Hein? Hein?



...



AAAAAh, ficou igualzinho às piadas que ele faz nos filmes, admita!

Verdade seja dita, esses filmes fazem com que eu me sinta uma verdadeira hipócrita. Principalmente Click, porque é um dos meus filmes mais-que-preferidos-de-todos-os-tempos. Sério, ele me traz ótimas lembranças, foi o primeiro filme que me fez chorar amargamente por causa de um controle remoto!
No cinema!
Na sétima série!
Com todos os meus amigos à minha volta.
Que me zuaram o resto do ensino fundamental... OK, nem tão boas lembranças assim.
De qualquer jeito, admitam, a idéia do controle remoto foi extremamente bem bolada. Afinal, todas as pessoas nesse mundão de meu Deus já desejaram poder avançar as cenas da vida que detestaram, como um jantar desconfortável, uma briga, uma aula insuportável, ou quando sua mulher te flagrou vestindo as roupas da Kate Perry, mas cantando “Single Ladies”.

Tsc, tsc, tsc, que gafe.

Aí ele ganha o controle universal, fica feliz, parece que tudo está bem, mas aí ele percebe um grande problema, tudo começa a dar errado, ele se arrepende, faz um discurso emocionante, e no final é perdoado e todos terminam felizes, exceto aqueles que causavam problemas para o protagonista. Estes recebem uma punição extremamente humilhante, como limpar os sapatos de estranhos com a língua, ficando conformados com isso exatamente como qualquer pessoa normal não faria.
Uau, acabei de descrever o roteiro de 90% de Hollywood!
Mas, se o filme é igual a tantos outros, por que cargas d’água você quer falar sobre ele? Por que não falar sobre “Um Amor para Recordar”, como todas as garotas apaixonadinhas fazem?

Simples: o que diferencia Adam Sandler quando ele faz bons filmes, é que estes têm todos os elementos para virarem drama: um cara que tem uma péssima relação com a família e é viciado em trabalho; uma mulher que te ama, mas todo dia esquece quem você é; você é um adulto terrível, um garoto aparece do nada e você vira um pai terrível. E todos esses filmes são tratados de forma muito leve e divertida quase o tempo todo, nos fazendo relaxar assistindo ao filme... Daí de repente tudo fica sério. O cara afasta definitivamente todos que ele ama, e vê o filho seguir pelo mesmo caminho; a mulher resolve que não quer mais se lembrar de seu amor, apagando-o definitivamente da memória; a assistência social separa o garoto do pai justamente quando ele começa a se importar de verdade com o moleque. Essas situações são consideradas leves? Peloamordedeus, a última vez em que Michael Newman viu o pai parecia que tinham mergulhado meus olhos em um aquário! E quando Julian, que era um amor de garoto, promete ser um bom menino para Sonny, porque achava que ele não o queria mais? E quanto a “você pode me dar o último primeiro beijo?”?
Droga, estou chorando outra vez. Uma pausa, por favor.

*Snif Snif*

Pronto, passou.

O pior é que essas cenas nos surpreendem porque os filmes costumeiros de Adam são uma belíssima porcaria. Zohan, façam-me o favor!

Cara, como eu odeio aquele filme! Esse filme só não é pior que... Sei lá, deve existir algo por aí pior, a humanidade não para de nos surpreender desde sanduíche de buceta two girls and one cup one guy and one cup o AI-5. Se vocês conhecem algo pior... por favor, engulam, seus miseráveis guardem para si mesmos. Obrigada.
Engraçado que eu incluí “E eu vos declaro Marido... & Larry”, mas ele não é exatamente dramático, embora trate de assuntos tão delicados quanto os outros. Ou vai dizer que um cara se fingir de esposa do melhor amigo enfrentando toda a reprovação que uma das sociedades mais homofóbicas do mundo lhe darão apenas para que o Larry consiga fazer um seguro de vida para os filhos,e fazendo uma crítica sutil ao mundo enquanto isso, NÃO é um tema delicado? Plus,a maioria das piadas realmente tem graça!
De fato, deve ser o melhor trabalho que ele fez, se excluirmos sua participação em “Garota Veneno”.
E vocês já perceberam que Rob Schneider, o personagem principal do Garota, faz o melhor amigo de Sandler em “Como se Fosse a Primeira Vez”? Sim, eles se merecem, eu concordo.

Falando em piadas, um livro também eliminaria esse probleminha. O humor de Adam Sandler é tipicamente norte-americano: sexo, drogas, sexo sujo, escatologia, sexo com animais, mulheres feias/gordas/desastradas/praticamente qualquer coisa, sexo com essas garotas, um número quase infinito de piadas relacionadas a peitos de todos os tipos. Pode conferir! Esses humoristas de stand-up, essas comédias toscas, esses talk-shows dos EUA que supostamente fazem sucesso sempre parecem achar que... são engraçados. E como a maioria do público não tem interesse algum em procurar humor de verdade (ou então a Zorra Total não estaria no ar há tantos anos), a coisa fica por isso mesmo.
Mas não em um livro! Ninguém lê por inércia, por preguiça de levantar do sofá e mudar de livro. Ou seja, ou a piada é boa, ou o livro embolora na estante. É, os roteiristas teriam que pensar...
E sabe a piada mais engraçada de Click? Ele tinha acabado de voltar de uma viagem no tempo onde tinha presenciado o próprio nascimento, e houvera uma confusão com seu gênero, porque seu pênis era muito pequeno, o que gerou uma piada interna divertida na família.
Família de todo mundo que o conhecia.
Então, Michael resolve conversar com seus pais:

Newman: Hey, meu pênis cresceu um pouco depois que eu nasci, ta?
Mãe: Claro, menor não podia ficar!
Pai: Parecia um tic-tac!
Newman: Ah tá, vem cá que eu vou refrescar seu hálito, vem!
Mãe e Pai: ... Boa noite, filho.

Pais trollando os filhos, conheço sua sensação, amigo. Não, não é bom. Sim, é engraçado.

E já pensaram que louco se cada história fosse narrada por outro personagem, que não o principal? Em "Click" não daria certo, porque tudo está na cabeça dele. Bastaria que P.C. Cast escrevesse, embora ela provavelmente não aguentasse e umas quinze reviravoltas impressionantes e surpreendentes fossem acrescentadas à história. Talvez ele seria seu próprio pai, algo assim. Mas e se "O Paizão" fosse narrado pela namorada do Sonny, ou até pelo próprio garoto? (Sabia que quem interpretou o garoto foram Cole e Dylan Sprouse, os gêmeos de “Zack e Cody”?) Eu aconselharia Cornelia Funke a escrever essa história, ela é boa em colocar uma quantidade certa de melancolia nas histórias. E se no “Como se fosse a Primeira Vez”, quem narrasse fosse a própria Lucy? Com certeza levaria a delicadeza a outro nível, já que a doença dela ficaria nas entrelinhas até que a moça a descobrisse. Ainda, essa informação duraria apenas um dia, um capítulo, um parágrafo. E mais, nos causaria muita aflição, porque nos outros dias (capítulos, parágrafos) ela não saberia de mais nada. Nada que Carlos Ruiz Zafón não resolva, claro. E "Marido & Larry" seria para Luis Fernando Verissimo, claro. Nada como deixar o melhor para o mestre.


E UM FILME QUE JAMAIS PODERIA SER FOLHEADO:

O tigre e a neve


Poético e belo até o último floco de neve.
Ah, Roberto Benigni... Esse cara merece mais do que já recebeu. O homem que escreve, dirige, produz e atua em “A Vida é Bela”, merece qualquer coisa! Na verdade, ele escreve, dirige e atua em praticamente todos seus filmes! Diacho, deveria ser obrigatório passar seus filmes nas escolas, o que a Dilma anda fazendo afinal?
Além do mais, em seus filmes, seu par romântico é sempre o mesmo: Nicoletta Braschi, sua mulher na vida real.
Sabem, eu poderia dar uma ótima razão para o filme ser um livro: a mais bela declaração de amor já proferida. Em italiano, la lingua più bella del mondo, para piorar. Ou melhorar, depende do ponto de vista. Tenho certeza que muita cocota por aí caiu nessa. E muito garotinho taambém, ADMITAM! Querem saber como ela é? Tem certeza? Tudo bem, já que insistem tanto assim...

Não a deixe morrer, doutor.
Se ela morrer, podem encerrar esse show que é o mundo. Podem levá-lo, desmontar as estrelas, enrolar o céu e colocá-lo em um caminhão. Podem apagar esse Sol que eu amo tanto.
Sabe por que eu o amo tanto? Porque eu a amo quando ela ilumina o Sol.
Podem levar tudo, essas colunas, esses palácios, a areia, o vento, os sapos, as melancias maduras, o granizo, as 7 da manhã, maio, junho, julho, o manjericão, as abelhas, o mar, as abóboras, tudo! Porque nada é mais bonito que vê-la iluminada pelo Sol.
Não a deixe morrer, doutor.


...




É, o personagem de Benigni é poeta. Esse filme sempre me faz andar nas nuvens e acreditar no amor verdadeiro por um tempo. Copia, vai. Eu deixo. Só não manda por depoimento.
O problema é que acabei de anular meu argumento. Claro que é mais emocionante ver o próprio Benigni declamar, mas sua poesia pode ser imortalizada tanto com palavras ao vento, quanto presas em um papel. Logo, por que não virar livro?

Vou deixar agora meu argumento final. Suspirem. Sem o filme, não teríamos isso:

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O preço de uma lição

oi genti! hj eu qi vo ixcrever sobre um livro beEeEeEeEeM legau! Eh de um minino lindu d+++ qui...

...

O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?



(insira suas onomatopéias de brigas favoritas aqui)

Oi galera. Me desculpem, eu fiquei presa no trânsito e pedi pra minha prima ir adiantando o texto de hoje, mas percebi que era uma péssima ideia... O que aconteceu com ela? Bom, digamos que vou deixar o texto acima como uma homenagem à sua memória.
Voltando à programação normal...

Eu pensei, sinceramente em não postar hoje, e sim amanhã, dando a desculpa que eu saio no sábado à noite como uma pessoa normal, e até comentaria que a ressaca me faz escrever melhor, sem contar que eu fico muito mais divertida bêbada.
(risos)
Mas não! Eu sou sincera com vocês! A única razão para que eu não escrevesse hoje é que o livro que eu prometi é tão bobinho, mas tão bobinho, que simplesmente eu não sabia como resenhá-lo. Porém, eu fiz uma promessa, e nada melhor do que gastar meu domingo escrevendo.
Espera... Hoje é quarta!
o.O
Acho que fiquei presa no trânsito mais tempo do que pensei.
Maldito apocalipse zumbi! Sempre estragando meus planos!
Agora, como prometido, o livro bobinho.

Eu não entendi muito bem qual seria o objetivo do livro. O autor escreveu sobre suas relações amorosas, mas também sobre suas amizades, a relação (meio fria) com sua família, o trabalho, mas em especial sobre um namoro, com uma garota bem mais nova, no qual ele realmente se apaixonou, e passou mais de cinqüenta páginas falando sobre ele, e como a garota era perfeita, como ele foi retardado em terminar, como ficou mal por terminar, como tentou reatar, como ficou pior por não conseguir reatar, e como teve a brilhante idéia de escrever um livro pra tentar voltar definitivamente.
Poizé, imagino a cara que vocês estão fazendo agora é a mesma que eu fiz durante o livro inteiro:



Sério, esse é o tipo de livro que agrada somente pessoas que achariam que uma história de amor com uma humana e um zumbi é uma boa idéia.

E eu não estou brincando, esse livro existe.
Sim, o mundo está um pouco pior agora, eu sei. Calma, calma, não chora. Tá tudo bem, shh, tudo bem...
Não vai parar de chorar? Aqui, uma música procê relaxar:


Pronto? Limpou as lágrimas? Só um comentário, eu não me horrorizei tanto com esse livro porque tinha assistido o vídeo do sanduíche de b***** alguns dias antes, então ainda estava meio entorpecida... Não recomendo nem ao meu pior inimigo aquele vídeo, Santo Deus...
Ok, vamos em frente.

Na contracapa do livro vemos escrito que é “a prova que os garotos também amam”.
Para mim, é só mais uma das muitas provas que o livro foi escrito para pré-adolescentes iludidas, adolescentes emburradas e mulheres imaturas. Porque até hoje eu não conheci nenhum garoto, rapaz ou homem que não fosse capaz de amar. A única diferença é que seres do sexo masculino não começam a sonhar com o amor quando um ser do sexo feminino sorri para eles. As mulheres por outro lado, se um cara diz “nossa, seus olhos são lindos” elas tentam se controlar para não dizer “aceito” imediatamente. Homens são mais pé no chão, mais diretos, menos propensos a ficarem espalhando suas dúvidas emocionais aos quatro ventos, mais relaxados. Pelo menos em sua maioria. Assim como as mulheres, em sua maioria, também têm a tendência de confundir qualquer sentimento com amor, e buscam desesperadamente aquele que será o “homem da sua vida”, o que, devo dizer, é tão simples e fácil quanto pedir afetuosamente ao FBI para reativar o Megaupload.
E querem saber de outra coisa? Vi essa tirinha no Facebook uns tempos atrás que combina perfeitamente com o que estou dizendo:



A acusação encerra.


Outro ponto desse livro mais chato que o R.R. Soares interessantíssimo são as garotas. E há um ponto importante a ser notado: TODAS AS GAROTAS COM QUE ELE SE ENVOLVE SÃO MARAVILHOSAS!
E não me venham com desculpas dizendo que “ele enxergava a beleza interior”. NÃO! O autor deixa bem claro que elas poderiam ser modelos profissionais (uma que correu atrás dele até era), que eram loiras, lindas, magras, perfeitas. Ele também deixa claro que elas são loucas: uma é uma crente radical que queria apresentá-lo a toda sua família e esperar um sinal divino ANTES de sequer beijá-lo; outra que namorou com ele por um ano quase sem beijá-lo também porque a sua irmã também gostava dele; outra que terminou com ele e assim que soube que ele estava a fim de uma garota foi correndo lhe cobrar explicações. Certo, elas são estranhas.
E nem vou começar a falar da Juliana!
Mentira, vou sim. É minha sina, sabe? Falar sobre essas coisas imbecis...
Maldito livro.

Juliana. Ah, Juliana. A própria Fada Azul encarnada. Linda (não, sério?), inteligente, meiga, doce, intelectual, 15 anos de pura beldade. Nas palavras de Gutti Mendonça, claro, o apaixonado. Quem vamos analisá-la friamente sem nenhum pudor? \o/ \o/ \o/ \o/ \o/
Começando pelo linda. Ok, é difícil argumentar contra isso, uma vez que a beleza está nos olhos de quem vê, e só temos a opinião de um babaca apaixonado que terminou porque ela não sentia ciúmes dele. Ela dança jazz, joga vôlei, cuida da alimentação, vai à praia direto, se exercita, confio na palavra do babaca. Até porque ele só olha para garotas que poderiam ser modelos profissionais, certo?
Inteligente, esse é o adjetivo que eu adoro! Ele diz que ela só tira dez na escola, que mesmo estando no primeiro ano estuda o tempo todo para o vestibular etc. Aí, quando ela finalmente vai prestar o vestibular em várias, várias mesmo, faculdades, não passa em nenhuma.
Por dois anos seguidos.
Espera aí, COMO É?
Essa é a garota extremamente inteligente que você espalhava pra todo mundo, garoto? Qual é seu modelo de comparação, o Junior Kyle?
Meiga e doce. Ela chamou uma garota de feia e vaca por estar com ciúme. Um poço de doçura, realmente.
Intelectual, essa me fez rir. Gutti nos diz que ela devora livros (me sinto ultrajada), lê um livro por semana, é muito intelectual. E o único exemplar do tipo de leitura dela é mostrado nessa frase:

“Já estou terminando de ler Gossip Girl!”

...



Se uma série que a vida de patricinhas e mauricinhos podres de ricos que só sabem beber, festejar, copular e intrigar pode ser usada como parâmetro para intelectualidade, vamos abandonar os livros letivos e estudar Crepúsculo nas escolas, por favor.
E uma garota de 15 anos que aceita namorar tranquilamente um cara de 22 que mostrou obsessão por ela no SEGUNDO encontro, sem nem desconfiar... sei não...
Mas sabe o que é mais profundamente irritante no livro? As páginas e páginas de discursos vazios que diversos personagens fazem ao longo da história. Eu não estou brincando, tem um que preenche mais de uma folha!
MAIS!
DE!
UMA!
FOLHA!
Se eu quisesse ouvir discursos imbecis eu assistia o Big Brother, caramba!

Na verdade, a única pessoa não-estranha na história é a Camila, uma colega de trabalho do protagonista que aparece por meio capítulo, no máximo. Ela sim é uma garota interessante: realmente inteligente, realmente engraçada, realmente simpática e realmente independente. Curiosamente, também é a única que não poderia ser modelo, pois é uma garota meio gordinha e sem um rosto da Angelina Jolie. Curiosamente também, a única garota que ele nem sequer cogitou a possibilidade de ficar. Que beleza pra um cara que vive dando lição de moral nas garotas e como elas se importam com a aparência, não?
Imbecil.
Tudo bem, na próxima vai ser legal de verdade. Prometo.


E ele convidou o Federico para escrever só porque ele é um colírio Capricho. FALO MESMO!


Título: O preço de uma lição
Autor: Gutti Mendonça e Federico Devito
Editora: Novo Conceito
Ano:2011
Motivos pra dar de presente: se você quer cair nas graças de uma patricinha besta, é perfeito

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

As crônicas de gelo e fogo

Oi! Sentiram minha falta? Não?
Ora, não se acanhem. Podem mentir à vontade! Sim, eu deixo. Isso, bem melhor assim. Bom, eu demorei pra postar dessa vez porque estava doente. Minhas juntas sofreram paralisia leve, eu tinha sonolência forte, dificuldade em mover-me e frequentemente ficava num estado autista em frente à TV.

Os leigos chamam essa doença de preguicite aguda. Grave, não?

Mas eu melhorei subitamente quando soube que a Internet ia acabar, e a ditadura reinaria no mundo!
O primeiro tiro foi dado!

OH NÃO! QUEM PODERÁ NOS DEFENDER?

Eis que surgiu do horizonte um grupo de bravos cavaleiros, dispostos a defender as lindas donzelas internautas dessa catástrofe.

- Os Thundercats?
- Não, os ANONNYMOUS!

VIVA!


E com uma guerra digital infelizmente e aparentemente afastada, decidi falar sobre uma série que está em uma constante guerra, cheia de traições, perda de tempo e putaria. Muita, muita putaria.
Igualzinho a Internet! Não é uma maravilha?


Ok, vamos logo ao que interessa.


As crônicas de gelo e fogo promete ser uma longa série de livros, iniciada em 1990. Apesar de ter apenas cinco volumes publicados(três no Brasil), sete estão previstos pelo autor.

Não, espera. Ele começou em 1996, e só publicou 5 livros até agora? Como assim, todos os autores de séries deveriam lançar um livro por ano para manter o interesse, não era essa a regra?
Exceto por Christopher Paolini, autor do Ciclo A Herança (mais conhecido por Eragon), que lança uma continuação a cada cinco ou sete anos, isso é o mais comum sim, mas não é a regra, se quiser que seja uma série realmente boa.

Sério, esse cara só pode lavar a cabeça com adubo orgânico, para ter uma imaginação tão fértil assim, sua história é comparável a Senhor dos Anéis! Sim, fãs dele e de Frodo estão se digladiando por aí em becos escuros para ficar com o mérito de fã-imbecil-do-relativo-melhor-escritor-de-todos-os-tempos. Só de saber que uma discussão sobre quem é o melhor já me arrepia. Mas vocês podem saber melhor essa história clicando aqui.


Se deliciaram? Ok, voltando agora...

Seus livros são tão fofos e meigos, quanto um filhote de panda... devorado por um lagarto de sete cabeças, que aproveita para degolar cachorrinhos e esmagar a cabeça de um coala! Definitivamente, esta não é uma série para quem tem estômago fraco, ou se apega a idéias imbecis, tais como existem vilões e mocinhos, ou o personagem principal deve sobreviver. Aliás, Martin não tem preconceito algum com isso: ele mata todos por igual. Sério.

“Mas como uma série dessas pode fazer tanto sucesso? Quem gosta de ler uma história em que os personagens morrem como formigas?”

Simples. A HBO resolveu fazer um dos melhores seriados de todos os tempos baseado nessas crônicas, chamado Game of Thrones, nome do primeiro livro da série. Pela primeira vez eu assisti a uma adaptação fiel do cinema para alguma obra literária. Eu conheci os livros pelo seriado, resolvi ler o segundo volume só por assistir a primeira temporada e adivinhem? Entendi perfeitamente. Inclusive, se você é daqueles que não tem tempo para ler (mi mi mi mi), assista. Mas vale a pena lê-los, e vou dizer por quê.

Primeiro, George R.R. Martin não tem preguiça de escrever. O primeiro livro tem 672 páginas, o segundo 708, o terceiro 976, e tudo tende a aumentar. A letra é minúscula, do tipo dicionário, e não há FIGURA ALGUMA NO LIVRO INTEIRO! Se ele não tem preguiça de escrever, nós também não devemos ter preguiça de ler, certo?

...

CERTO?

Obrigada aos dois que me apóiam. O resto que vá pro inferno.

Segundo, seria preciso um cérebro digno de Sheldon Cooper para criar todo aquele elenco, cenário e enredo literário. Juro, a cada página aparece um lorde diferente, ou conde, soldado, cavaleiro, o diabo, cada um com cinqüenta e sete vassalos, todos devidamente apresentados, com o título, o grau de parentesco e sua função. E como se não bastasse, sempre vai ter um vassalo qualquer que vai fazer alguma coisa para incriminar seu senhor, que vai influenciar a história inteira, E VOCÊ NÃO VAI SE LEMBRAR QUEM ELE É! NÃO INSISTA! Mas, se quiser mesmo tentar, melhor consultar o fim do livro. Lá está a genealogia de todas as famílias – chamadas de casas nos livros - com informações como vassalos, posses, lema e bandeiras. É mais seguro assim, a não ser que você queira explodir seu cérebro tentando guardar tudo. Ou que você seja Sheldon Cooper mesmo.
Terceiro, prevejo que estes livros nos devolverão muitas habilidades que perdemos ao longo de Crepúsculos da vida.
1. Memória: não é fácil ler 800 páginas e ainda nos lembrarmos da história, no fim.
2. Dedução: praticamente todos os livros mais atuais não nos deixam nenhum espaço para descobrirmos alguma coisa. Mesmo “A sombra do vento”, que é um dos melhores já publicados (confira), as coisas já vêm mastigadas, os sentimentos e mistérios são amplamente desvendados. Mas não nessas crônicas! Muito delas temos que descobrir nós mesmos. Exemplo, Renly Baratheon e Loras Tyrell. Eles são gays, e amantes. Mas Martin não revela isso, apenas diz que “Renly mandou todos embora da sala, menos sor Loras, para ajudá-lo a colocar a armadura”.

Clodovil ficaria orgulhoso de sua habilidade e discrição, rapaz.
Pena que o seriado não é tão hábil em insinuações. Mostram claramente.

3. Paciência: alguns mistérios deixados no primeiro livro só foram solucionados agora no
terceiro. Mas até aí, tudo bem, estamos acostumados com essas séries com mistérios intermináveis, não?
O problema é que você acha que descobriu, até que vem outro fato e muda tudo. Ou não.

Vou ser mais clara.
Toda série tem seu vilão e seu mocinho muito bem declarados, certo? Não aqui. Cada capítulo é contado sob o ponto de vista de um dos personagens. No primeiro livro, a maior parte é contadado ponto de vista dos Stark (Eddard, Catelyn, Jon, Arya, Sansa e Bran). Logo, eles são os mocinhos! Ninguém enxerga a si mesmo como "errado"; os vilões são os Lannister, que aparentemente causaram todas as desgraças dos Stark (que não são poucas), e que contam somente com Tyrion, meu segundo personagem favorito, como narrador. Mas no segundo e principalmente no terceiro, outros personagens obtêm o direito de contar a história, e aí percebemos que nada é exatamente do jeito que nos foi contado.

Aliás, a história dos Targaryen é fantástica. Não é à toa que Daenerys é a personagem favorita de Martin, e minha também.

Ainda assim, os Stark continuam vistos como mocinhos. Então eles vão se dar bem, certo? Dificilmente. Eddard Stark, o patriarca da família, o personagem principal, que possui honra e moral intocadas, aquele que estava conseguindo consertar o reino...

ATENÇÃO!! SPOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOILER!!!!



... achou que eu ia contar né? O preço que se paga por ser honesto em Westeros.

Só digo que o mundo ficou com pokerface quando leu/assistiu isso.

E aviso que nem é a pior coisa que vai acontecer na história, pode acreditar.

...

Não importa, não há personagem principal. Ninguém está a salvo.

E eu rodeei, rodeei, rodeei, e não falei nada sobre a história!

Vejamos: eu achei muito interessante que as estações do ano lá em Westeros não são “do ano”, apenas “estações”. Verão e inverno podem durar anos, e quanto mais longo um, pior o outro.

A história acontece no finzinho do mais longo verão que existiu.

Tenso.

E é simples. Quem está no poder durante o inverno, sobrevive.


Aqui, veja a abertura, que ganhou o Emmy de Melhor Design de Abertura.


...


Foda, não?


Bom, é melhor eu parar de falar. Esse foi meu post mais longo, e não quero cansar meus já escassíssimos leitores...

Última coisa: se você começar a ler, esteja preparado. George Raymond Richard Martin tem 63 anos, e se continuar a escrever nesse ritmo, sei não... Acho que #todoschora.

E na próxima, eu falo de um livro bobinho, só pra descontrair!

Título: As crônicas de gelo e fogo ( A song of Ice and Fire)
Autor: George R. R. Martin
Editora: Leya ( no Brasil)
Ano: 1996 (Br: 2010); 1999 (Br: 2011); 2000 (Br: 2011); 2005 (Br:-); 2011 (Br:-)
Motivos para dar de presente: O inverno está chegando. Reúna todo seu dinheiro, compre, leia, assista e entenda essa referência!

domingo, 1 de janeiro de 2012

O doador



Oi! Como passaram as festas de fim de ano? Provavelmente alguns de vocês estão bêbados demais pra responder, mas tudo bem.
Feliz ano-novo pra você que engravidou na virada e ainda não sabe!
Feliz ano-novo pra você que tomou tanto que desmaiou 23h30!
Feliz ano-novo pra você que acordou nu na cama com um completo estranho!
Feliz ano-novo pra você que acordou nu e não faz idéia do que aconteceu!
Eu não tive esses privilégios. Lamento.
Pois bem, pra começar o ano muito bem, trouxe um livro não muito conhecido, que traz o espírito de Natal de forma inusitada, mas leve.
Na verdade, não. Se eu estivesse de TPM, choraria muito. Mas como não estava (graças a Deus), somente o achei bom.
O Doador é um livro meio confuso. Escrito por uma mulher – provavelmente na TPM – ele conta a história de um futuro onde a sociedade decidiu que o mundo não estava bom. E os culpados eram a escolha e os sentimentos.
O resultado é que vemos uma sociedade perfeitamente organizada. Todo mundo se sente bem. Quando chega a hora, as crianças são indicadas para um emprego que combine com elas, aos adultos são escolhidos seus parceiros e filhos. E seus nomes. E seus horários. E ninguém tem memória.
Apenas um homem as retém, para que esse mundo não cometa os erros do passado.
Uau, lendo assim parece muito interessante!


Acontece que eu não achei lá essas coisas.
Ele não empolga, mas compreendo, afinal, se acontecesse brigas, lutas, guerras e amores proibidos, iria ficar meio fora do contexto, certo?
O que eu não perdoo é que o livro passa O TEMPO TODO a típica mensagem norte-americana de que NADA é melhor que a liberdade de escolha.
Poder escolher sua blusa é melhor que a erradicação da fome, das doenças, da pobreza, das guerras, da depressão ou qualquer outra mazela da humanidade.
Sério, esse tipo de filme ou livro me enoja. Essa “liberdade” não é desfrutada nem por um terço da população mundial, mas todo mundo corre defendê-la na primeira oportunidade, só porque viu um filme lindo onde o mocinho faz um lindo discurso no final.
Pelo livro não tem ninguém insatisfeito com a situação. Não é uma falsa realidade, onde as pessoas acham que estão bem, porém o governo come criancinhas no porão. Nenhuma criança passa fome, ninguém é pobre, as pessoas têm escola, comida e casa de graça, todos têm seus empregos e famílias perfeitamente ajustados, a comunidade se ajuda o tempo todo, e as autoridades não vêem necessidade de entrar em guerra por causa de petróleo nem de aumentar seus salários 500% ao ano.
E se o livro queria fazer uma crítica ao comunismo, se saiu tão mal quanto eu dançando balé. O único no mundo que faz isso é George Orwell, e não haverá ninguém depois dele.
E rezem para que meus desejos de ano-novo não se realizem, ou o Rei Artur vai voltar, Homer Simpson vai liderar uma revolução anarquista, haverá uma luta entre He-man e Goku no dia 21 de dezembro, pokemons andarão sobre a Terra e o meu será o Articuno!
Peguei primeiro! RÁ-RÁ!
E isso anulou toda a seriedade do meu texto. ¬¬

Título: O doador (The giver)
Autora: Lois Lowry
Editora: Sextante
Ano: 1993
Motivos para dar de presente: não, por favor...